quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Pão Eucarístico

Pe. Júlio Maria De Lombaerde, sdn


Hoje é a grande festa da Eucaristia!

É a festa do triunfo eucarístico no mundo e nas almas: no mundo, pelas procissões solenes que se fazem em toda parte; nas almas pela comunhão fervorosa deste dia.

‘A minha carne é verdadeiramente comida’, diz o salvador. ‘E quem comer a minha carne fica em mim, e eu nele – quem comer este pão viverá eternamente’.

Meditemos hoje estas palavras divinas, tão expressivas e tão divinamente ternas.

Jesus é o nosso pão... o pão que dá a vida eterna.

Nos queremos a vida eterna: é preciso, pois, recorrer a este pão divino, e excitar em nós uma espécie de fome espiritual por este pão dos anjos.

Dar ao homem mortal uma vida eterna é operar nele uma completa transformação.

É esta transformação que vamos considerar hoje, vendo:

1º O pão transformador.
2º O pão de cada dia.

I – O pão transformador

Sendo o corpo de Jesus Cristo o alimento da nossa alma, o seu primeiro efeito é ser transformado em nosso corpo e sangue; porém há um segundo efeito, divinamente terno, é que o alimento por sua vez nos transforma.

O gênero de alimentos contribui a formar as raças, e se contribui para este efeito geral, produz necessariamente efeitos sobre cada indivíduo em particular.

É um fato, hoje muito estudado e verificado, que tal alimento desenvolve a força dos músculos, tal outro o vigor do cérebro, um provoca uma vida intensa, o outro uma ação pacífica.

A divina Eucaristia é o alimento que deve formar uma raça divina.

A graça é chamada por São Pedro: ‘uma participação à natureza divina’ (2Ped 1,4).

Chama-se natureza de um ser: o princípio de sua atividade.

Pela graça adquirimos pois a possibilidade de agir divinamente, de fazer obras sobrenaturais, merecedoras de vida eterna.

E aqueles que agem desse modo constituem verdadeiramente uma raça divina: genus electum, diz São Pedro (1Ped 2,9). Somos da linhagem de Deus, como diz São Paulo. Ipsus enim ET genus sumus (At 17,28).

***

O próprio corpo não fica estranho a tal transformação, nem pode ficar, pois o corpo e a alma formam uma única pessoa, e esta pessoa participa necessariamente das transformações da alma e do corpo.

Reflitamos bem. É o corpo que recebe realmente Jesus Eucarístico e o conserva durante a sua passagem, infelizmente tão curta.

Ora, um tal contato não pode ficar sem efeito.

Logo, divinizando a nossa alma, a Eucaristia deve comunicar qualquer coisa dessa divinização a nosso corpo.

Durante a sua vida, Jesus Cristo curava os doentes pelo contato da sua mão; tocando-nos pelas santas espécies, porque não santificaria nossas lutas e abrandaria nossas inclinações malignas?

O estado normal da alma é a união com o corpo.

É preciso, pois, que o corpo participe de qualquer modo às influências da alma.

A alma pervertida comunica ao corpo qualquer coisa de duro, de irrequieto; enquanto a alma divinizada pela graça lança sobre o semblante do homem uma irradiação de bondade e paz.

Um dia o nosso corpo tem de ser unido de novo à alma; é preciso pois que este corpo adquira a aptidão de ser o companheiro adequado da alma, partilhando a sua felicidade e a glória, e reformando a personalidade única, resultante da união do corpo e da alma.

II – O pão de cada dia

O que acabamos de ver sobre o papel transformador da Sagrada Comunhão, é o bastante para compreender a necessidade de recebê-la com freqüência.

A alma, tão bem como o corpo, tem continuamente forças a refazer, elementos malsãos a eliminar, por a vida da natureza continua a existir, e procura, pela lei das oposições, a sufocar a vida sobrenatural, que é o seu antagonista.

O pão material de cada dia é uma necessidade, porque além das forças a refazer, por dentro, pelo gasto da atividade, temos de resistir a mil micróbios que nos espreitam de fora, e ameaçam a estrutura do nosso organismo.

O pão espiritual devia ser, por sua vez, de cada dia, pois temos também, por dentro, forças que se perdem e que devem ser restituídas, como temos por fora milhares de micróbios de perdição que procuram roer a nossa alma e lançá-la no abismo da tríplice concupiscência, como é a inclinação da carne, a volúpia dos olhos e o orgulho da vida.

Eis porque o mestre divino nos faz pedir o pão de cada dia.

Este pão é Deus!

É Ele que deve alimentar o elemento divino em nós, para conservá-lo em sua força dominadora.

Todo cristão, em estado de graça, tem pois o direito de desejar, como tem a obrigação de pedir este pão divino. Deve recebê-lo, não obstante o seu pouco valor pessoal, em vista das suas necessidades prementes da vida sobrenatural.

Ah! Não digais: Isto é o ideal?

É o ideal, sim; mas dizei-me: qual é a condição normal de um homem divinizado? Não é o ideal divino?

O que é divino é necessariamente ideal: a mediocridade seria para ele uma decadência. É certo, infelizmente, há muitos cristãos medíocres, porém, não é por direito, é por decadência.

Examinemos se os obstáculos materiais que talvez nos privam da comunhão freqüente são deveras invencíveis. É um dever nosso, procurar antes de tudo, o reino de Deus em nossa alma.

Quantos motivos mesquinhos, quantas ilusões estreitas nas desculpas, nós costumamos apresentar para eximir-nos da mesa sagrada!

Deus nunca exige o impossível. Se pois ele nos faz pedir o pão de cada dia, é porque há possibilidade de recebê-lo.

III – Conclusão

As festas eucarísticas de hoje devem excitar em nós, o desejo de cooperar na grande obra da glorificação de Jesus Sacramentado, glorificação social, pública, e glorificação individual, pessoal, que se deve operar pela recepção da Sagrada Comunhão.

Sentimos por demais a necessidade de uma transformação em nossa vida, e tal reforma deve realizar-se pela recepção do pão transformador, que nos põe em contato com Deus.

E como tal obra é de todos os dias, precisamos recorrer à comunhão freqüente. A comunhão deve ser o pão de cada dia, para que cada dia tenhamos a força de vencer os inimigos da nossa alma.

Um pouco de boa vontade e todos os clamores da indolência, do interesse e do respeito humano calarão diante da necessidade e do amor.

A necessidade deve impelir-nos; enquanto o amor nos deverá atrair.

É na mesa eucarística que está a salvação das almas e do mundo.

[In Comentário Eucarístico do Evangelho Dominical, págs 242-247]

quinta-feira, 9 de junho de 2011

[Vocacional] Aspirantado SDN 2010

Apresentamos hoje um pequeno vídeo vocacional, retratando um pouco as atividades do Aspirantado da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora em 2010. A comunidade Frei Paulo Fontes (carinhosamente apelidada "Ubi Cáritas", por causa do antigo nome do prédio no qual geralmente ficava instalada. Somente agora o nome foi resgatado, estando estampado novamente no frontispício da sede) em 2010 esteve alojada no Seminário Apostólico Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, construído pelo Revmo. Pe. Júlio Maria.

Esperamos que nossos leitores apreciem conhecer um pouco do que aconteceu nesse ano passado.


Os créditos da produção vão para o nosso irmão, Rafael Henrique de Almeida.